A Vigilante do Amanhã: Minhas Impressões

• Publicado em: março 31, 2017

Fazer uma adaptação hollywoodiana de Ghost in the Shell não é uma tarefa fácil, pois vivemos em uma geração que têm preguiça de raciocinar, então querem tudo mastigadinho e entregue de mão beijada, então eis uma versão de “Ghost in the Shell for Dummies”. E sem falar da polêmica do filme fazer o whitewashing (quando um personagem de outra etnia é cedido a um artista caucasiano) e eu acho isso uma puta bobagem, pois a ambientação de Ghost in the Shell é em uma megalópole multicultural e sua protagonista não tem uma característica oriental para dar vida ao personagem, ela só tem um nome japonês e só, isso não é uma caracterização vital e pode ser sim, facilmente adaptável, mas sabemos que os produtores de Hollywood fazem isso apenas para colocar um rosto conhecido para o grande público e assegurar que seus investimentos tenham um menor risco, e isso não é um problema, o ruim é quando o filme entra nos méritos para explicar a mudança de etnia e o torna isso em um grande/fraco plot twist que nem era pra ter entrado nisso e isso me incomodou. [spoiler] A Major em sua jornada de descobrir seu passado ela descobre que era Mocoto, uma japonesa com viés anarco, pois então, a nossa Mocoto Kusanagi estava no filme e não só bastasse isso, o negocio foi tão mal feito que em nenhum momento aparece o rosto dela e a todo momento ela está escondendo ou a camera é posta para esconder o seu rosto, isso é para que o espectador não crie nenhum tipo de empatia por ela (FAIL). E ela ainda é sequestrada e morta para ser colocada em um androide caucasiana para um experimento da Hanka Robotics, pode até ser “mimimi” da minha parte, mas isso levanta uma descriminação por parte da empresa, e que para ser um grande plot twist, a Major da Scarlett deveria pelo menos se comportar como uma oriental, ter algum hábito de uma oriental e não simplesmente mudar isso da maneira de como foi proposto. Acho que nem era para existir a Mocoto no filme, “nesse universo que estamos apresentando, não existe Major Mocoto Kusanagi, ela simplesmente é caucasiana e tem outro nome”, eu teria comprado a ideia fácil. [/spoiler] Apesar de não ter gostado dessa parte, tenho que dá os devidos parabéns ao Rupert Sanders pela a coragem.

A escolha da Scarlett Johansson para dar vida a Major não poderia ser mais assertiva, pelo todo o conjunto de habilidades que ela possui para ação, o carisma, pela bela e sexy mulher que ela é, a Major precisa ser assim, e o mais importante de todos que é o talento dramático para dar profundidade aos questionamentos sobre a vida, a sua existência/importância naquele universo, pois ela é a primeira exemplar de um ciborgue com um celebro humano e isso é aonde o filme acerta, apesar de sempre está se repetindo o Ghost dentro do Shell, tem alguns momentos que você precisa está acompanhando os questionamentos da Major, pois nem todos estão explícitos. O filme perde a complexidade do mangá, a veia política e os questionamentos mais filosóficos e densos do anime para dar espaço para uma trama mais simples e comercial como os blockbuster de ultimamente.

O filme é exclusivamente sobre a Major e sua jornada sobre sua existência, então todo o resto fica em segundo plano é muito pequeno diante dela. Principalmente em criar uma ameaça real para Major, nem mesmo Kuze (Michael Pitt) faz jus a um antagonismo a altura, apesar de ter gostado muito dele e acreditar que foi de propósito, pois ele é uma peça chave para o descobrimento do passado da Major. Acredito que ele será melhor aproveitado nas próximas sequências, se houver uma. Os demais personagem gostei de todos destaque para o dinamarquês, Pilou Asbæk dando a vida ao fiel escudeiro, Batou e o grandioso Takeshi Kitano, o Aramaki, é o único que fala japonês no filme e todos entendem, isso deveriam ter sido explorado mais em outras línguas e ele também protagoniza a cena mais badass do filme: “Mandam coelhos para matar uma raposa?”.

Rupert Sanders até que fez um belíssimo trabalho, apesar de achar que o anime seja quase inadaptável para as telas que tem o único propósito de ganhar dinheiro, é o que move o mercado. Ele não tem um trabalho excepcional na direção, nenhuma das cenas de ação são impactantes, são até bem executadas, mas seus planos são muito básicos. Um ponto que ele fez, foi adicionar cenas exatamente como estão no anime, basicamente uma copia e isso é bem legal, a cena de abertura, cena da luta na água com invisibilidade, a cena dela pensando sobre a vida em um mergulho e teve algumas cenas que foram tiradas do anime, mas foram adaptadas como a cena da tentativa de raptar a Dr. Ouelet e a cena do terceiro ato que eu gostei muito apesar de não ter a violência que o anime tem. Outro ponto assertivo para Sanders é adaptar as cenas de ação com mais estilo, pois no anime são bem violentas para classificação exigida pela Paramount, porém faltou assinatura de um diretor mais ousado nas cenas de ação ou realmente faltou dinheiro para ele pirar nas cenas.

O filme é um espetáculo visual, apesar de Matrix ter bebido da fonte de Ghost in the Shell, não tem como não compara o filme a Matrix e a Blade Runner, todos ambientados em um estilo cyberpunk. O design de produção e os efeitos visuais estão impecáveis e é aonde todo os US$ 110 milhões foram investidos, hehehe, o filme parece que foi muito mais caro, os caras da Weta são muito fodas. Adorei também foi a edição e mixagem de som estão impactantes e na sala IMAX, nem se fala. Outro ponto positivo é a trilha sonora feita para dar ainda mais uma atmosfera cyberpunk para o visual do filme e ainda toca a música clássica do anime nos créditos. O filme vale muito o ingresso e principalmente porque ele foi feito e pensado para IMAX, não assista em outra sala.

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