Mãe! – Minhas Impressões
• Publicado em: setembro 23, 2017Mother! (Mãe!) é um tipo daqueles filmes que você precisa saber apenas o nome do diretor e dos atores como Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris e Michelle Pfeiffer que vai saber que é um filme muito bem atuado e que vai ser algo diferente por se tratar de um filme escrito e dirigido por Darren Aronofsky, que é um dos meus diretores preferidos.
O filme tem em sua sinopse oficial que é basicamente isso: O relacionamento de um casal é testado quando os convidados não convidados chegam em sua casa, interrompendo sua existência tranquila. Aí temos os trailers e alguns teaser que por sua vez não entrega muita coisa do filme, pensamos que é um filme de terror e suspense, mas em verdade eu lhe digo que o filme não se trata nada do que você viu nos trailers, sinopse ou posters. Bom, até se trata, mas não é só sobre aquilo que nos é apresentado antes de assistir ao filme, até porque o filme tem varias camadas e essas camadas podem existir varias interpretações e isso é livre de cada espectador. Para melhor experiência do filme é melhor que seja assim mesmo.
A fotografia do filme, se tratando de câmera, passamos a maior parte do tempo do filme em três planos que são muitos close ups, uma câmera subjetiva e uma câmera que acompanha a parte da nuca da protagonista dando um “aspecto” terceira pessoa que somos nós que estamos acompanhando a narrativa exclusivamente do ponto de vista dela. Temos uma falta de trilha sonora, mas isso é bem proposital, pois na realidade tudo que os personagens fazem e até mesmo a casa tem de acrescentar para a experiência do filme, basicamente a casa conversa conosco através da protagonista ou de forma geral. Juntamos esses dois elementos, fotografia e trilha sonora, temos uma visão muito claustrofóbica dos acontecimentos, não sabemos ao certo do que está acontecendo nos arredores da personagem principal, sempre ficava me perguntando: o que está acontecendo? Nunca eu fiz tanto essa pergunta em filme. Não que o filme seja uma confusão, que pra mim é tudo muito bem conduzido até mesmo aos absurdos que vão acontecendo, que são tantos absurdos que beira aos extremos e que alguns chegam até ser engraçados e outros incomodantes.
S P O I L E R S
Bom, o que foi o que eu entendi desse filme, tudo não se passa de uma “alegoria” bíblica, é Deus (personagem do Javier Bardem descrito com Him, Ele) vivendo em seu próprio mundo (casa), temos a Mãe (a casa) que séria a mãe terra, natureza, vivida por Jennifer Lawrence. Os dois vivem tranquilamente em uma casa com um maravilhoso jardim enorme (que seria o Éden) até a chegada de uma visita, primeiro Adão (Ed Harris) e depois Eva (Michelle Pfeiffer) sempre trazendo características de cada personagem, como a Eva descrita nos créditos como Mulher, é uma pessoa invejosa, nada amigável e super sensual com a sedução da carne, Michelle sua linda. O Adão, descrito nos créditos como Homem, perto da morte, sempre admirando o seu Criador. Mostra também uma parte do corpo de Adão aberta, que é a parte da costela e logo depois vem aparição de Eva no filme. Depois que Eva e Adão tem uma cena de sexo, vem a chegada dos seus filhos, Caim (Younger Brother ou Irmão mais novo) e Abel (Oldest Son, Irmão mais velho), que já sabemos que aonde vai dar, Caim mata Abel por inveja que no filme é conduzido por uma intriga de testamento, mas antes disso, a Eva quebra o “coração” de Deus e é aonde tudo começa de ir para paz do Éden para o caos do apocalipse.
Mesmo com o coração partido, Deus celebra a vida e que no filme Ele volta até escrever poemas e com sua felicidade tem um filho com a Mãe, que obviamente é o Messias, Jesus. Antes disso, a casa está tomada pelo caos e Deus tomado pela “vaidade” que começa no velório do Abel, aonde temos o personagem do Jovan Adepo que seria o portador da taça, descrito em inglês Cupbearer, para quem não sabe, os Anjos são portadores da cólera (descrito como taça) de Deus no livro de Apocalipse.
Durante em meio ao caos estabelecido pela adoração para Deus, temos algumas passagens de alguns personagens que tem alguns aspectos pecaminosos e de visão errada e outros não como Adúltero (cena na cozinha aonde um homem pede para Mãe sair com ele), a Idiota (cena da pia), o Bêbado, a Devota, o Ladrão, o Saqueador, o Convertido (descrito como o Neófito), o Instigador, o Suplicante, o Bom Samaritano, a Penitente, a Curadora e entre outros que podem ser visto aqui: IMDB. Também temos a personagem da Kristen Wiig que é descrita como Arauto que era um mensageiro oficial da idade média que ela faz proclamações como a devoção para Deus e de guerra. E em um determinado momento o personagem do Javier Bardem some e tudo fica em caos dando uma alusão que aonde está Deus nessas horas? Todas essas passagens são sentidas pela Mãe e de modo até visceral e a cada grito de desespero e de dor é um aviso, que poderia ser uma analogia de desastres naturais. Por isso que o ideal é você assistir o filme sabendo de nada, pois quando sobe os créditos, o você tenta absorve o filme e fica lendo os nomes dos personagens e vai fazendo ainda mais sentido pra você.
Quando nasce o Messias, depois de uma cena de parto muito bem filmada, temos a entrega do filho para devoção aonde tem uma das cenas mais controversa do filme que é a morte do menino de braços abertos e que tem seu pescoço quebrado e as pessoas estão comendo um pedaço de seu corpo fazendo uma analogia a hóstia, o Corpo de Cristo.
E quem souber o que é a porra do remédio amarelo favor me comunicar rapidamente. hehehe
FIM de S P O I L E R
Tirando os curtas e o filme Pi, que já está na lista para assistir, assisti todos os filmes de Darren Aronofsky e só odiei um que foi o Noe, é muito ruim. Todos os outros filmes são ótimos e sou um grande fã do seu trabalho. Quando assisti pela primeira vez Réquiem Para um Sonho com aquela trilha sonora impecável e tocante, eu já virei fã dele. Chorei junto com Hugh Jackman em Fonte da Vida. Me emocionei com Mickey Rourke em O Lutador, que o melhor filme da carreira do Aronofsky. E senti as dores junto com a Natalie Portman em Cisne Negro. Espero que ele nos contemplem ainda mais com ótimos filmes.
Eu não tenho autoridade para falar que Mãe é uma obra-prima do cinema, mas eu acho que é um dos melhores do ano e que já assisti em minha vida. Filmes como Mãe é que me faz amar ainda mais cinema.
#RECOMENDADÍSSIMO.