Call Me By Your Name: Minhas Impressões

• Publicado em: dezembro 23, 2017

No começo do ano estava lendo uma entrevista do Rodrigo Teixeira (RT Features) e ele fala que sobre suas experiências em Hollywood e que ele se arrependia de não ter investido mais em Frances Ha para concorrer ao Oscar. Daí ele falou das chances de seu outro filme poder ser indicado para as principais premiações e veio a curiosidade de assistir esse tal filme. O filme que ele estava falando era Call Me By Your Name (Me Chame pelo Seu Nome), filme dirigido pelo o italiano, Luca Guadagnino, esse é o primeiro filme que assisto desse cineasta e já entrou na minha lista de ficar de olho nos próximos lançamentos dele.

Call Me By Your Name se trata de uma adaptação do livro homônimo que conta a história de Elio, de dezessete anos, começa um relacionamento com a visita de Oliver, assistente de pesquisa de seu pai, com quem tem vínculos com sua sexualidade emergente, sua herança judaica e a sedutora paisagem que se passa no norte da Itália em 1983. É extremamente complicado fazer um romance que a dinâmica do casal não soe forçada e que seja realmente convincente e sem falar que estamos falando de um casal homoafetivo. O filme é competente em tratar os romances de verão e é aí que você se identifica com o casal principal e você torce por eles, pois todos nós já tivemos um amor passageiro de “verão”. Ou pelo menos a maioria de nós.

Não li o livro, então não sei como o livro aborda essa história, sei que no filme aborda super bem, tem um arco até chegar o primeiro beijo muito bem construído e nada forçado, pode ser que alguém possa achar que demora muito, mas isso se dá a competência do filme em tratar com naturalidade os conflitos internos e a falta de segurança de um adolescente de 17 anos ainda em descoberta de sua sexualidade. O filme foge dos clichês de filmes de romance tradicionais, principalmente que ele não fica plantando conflitos artificiais, colocando obstáculos desnecessários ou até mesmo adversários no meio da história, o ponto aqui é falar sobre desejos, romance de verão, aceitação, a descoberta da sexualidade e da própria identidade.

Luca Guadagnino saber usar o cenário em favor da história e ele usa isso o tempo todo para fazer a dinâmica entre os dois protagonistas, exemplo: o quarto que eles dormem é basicamente um quarto que tem uma divisão de dois espaços (quartos) que divide o mesmo banheiro, fazendo sempre essa divisão que há uma porta separando e fazendo eles sempre entrar cada um por um lado e que há algo que ainda conflita entre os dois a revelar os desejos mútuos. Outro exemplo é que quando Elio fala a primeira vez sobre o que ele está sentindo, eles vão se separando e se distanciando por um monumento da Primeira Guerra Mundial, ainda remetendo o sentimento de dúvida. Os diálogos e as interações entre os personagens são o que realmente importa.

Uma coisa que não poderia faltar em Call Me By Your Nome é ótimas atuações dignas de premiações. Timothée Chalamet, o nosso conflitante protagonista, Elio, nos entrega uma atuação realmente digna de indicação de Oscar, ele transmite com muita sensibilidade os sentimentos, a angustia, as dúvidas, o tédio e no final do filme atua em um plano longo com um silencio, demonstrando o vazio e a angustia que o personagem está vivendo. Armie Hammer é outro que nos traz verdade e uma bela atuação, talvez a melhor de sua carreira que eu tenha assistido. Mas quem é o dono do terceiro ato é o Michael Stuhlbarg, o pai de Elio, também é de uma sensibilidade, delicadeza e maturidade que talvez seja o sonho de todos os seres humanos que vivem esse drama em suas vidas. Ele é tão perfeito como a figura de pai que chega a ser surreal. Ele tem um dialogo no terceiro ato com Elio, falando sobre nossas fraquezas, sentimentos, aceitação e que devemos realmente nos entregar para as experiências que a vida nos proporciona.

Óbvio que ainda falta muito para assistir e falar quais filmes vão ser indicados ao Oscar, mas vejo pelo menos duas indicações para esse filme, a primeira é Melhor Filme e a outra é Melhor Ator para Timothée Chalamet. As outras indicações que poderia destacar seria Ator Coadjuvante para o Armie Hammer, Melhor Diretor para Luca Guadagnino, Melhor Música Original e Roteiro Adaptado.